domingo, 9 de agosto de 2009

LOUCURA

“Que seria de nós sem o socorro daquilo que não existe?”
Paul Valéry


“Digam de mim tudo quanto queiram, pois não ignoro como difamam a loucura até os que mais loucos são. Eu, eu somente é que, pela minha influência divina, mergulho na alegria de deuses e homens” (Erasmo Desidério de Roterdã – Elogio da loucura).


Loucura! Uma epopéia de países distantes. Na abstinência existencial, uma luz no início do túnel, aquela, e somente aquela que nos mostra os mundos futuros, desconhecidos e convive, com todos, em paz homérica. No sol e na lua, astros regentes na escuridão da racionalidade, perpetuam a qualidade de ser homem, pensador, pai, culpado, herói. Nas ambigüidades, da existência a permanência dos valores imorais, quem pode conciliar todos com o Todo de si mesmos?! Loucura, este Pan que nos conduz pelas incertezas da estrada sem curva. Aponta para céu numa certeza escatológica de que nosso fim não é uma forma de mármore de carrara. Não! Eu sou aquela que mostra os dias de ontem e a possibilidade do presente que se retrai num futuro, não obstante tenebroso, mas pleno de esperanças tardias que ainda não renasceram.
Neste caminhar, trilho um caminho de pedras, mostro-te uma possibilidade de incertezas que te fazem ver outro mundo, escondido nas entranhas da matéria rica dos alquimistas, a muitos olvidados de si mesmos por medo da Verdade. Eu sou sua irmã, sua amiga, seu guia. Um abrigo seguro de toda violência que a realidade apresenta. Não temas, caminha comigo neste caminho de pedras e contemplemos a luz que está por trás das sombras da realidade, a quem os homens “bons”, chamam de certeza. Não tenha medo se si mesmo, você é igual a mim, estou em você, como você está em mim. Preciso apenas de uma oportunidade para lhe mostra as alegrias preparadas para aqueles que conseguem atravessar a ponte da discórdia moral e filosófica que nos separam. Minha busca, é a busca de seu próprio sentido. Na busca do sentido, vejo nesta gravura, minha própria epopéia existencial. Loucura, minha guia no mar da certeza. Sinto-me confortado neste caminho de contemplação dos mundos. “Minha busca, é a busca de seu próprio sentido”, diz a loucura a meus ouvidos cerrados e a minha alma encarcerada pelos grilhões da real existência. Pois como diz o poeta francês Paul Valéry: “Que seria de nós sem o socorro daquilo que não existe?”.

Um comentário:

  1. E nela,com ela,por ela...me conforto...quem me ajuda a pensar um mundo diferente do que é hoje, assim. Parabéns pelo blog...Estarei de olhos atentos para as mudanças. =) Abraço!

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